Reflexão - A recuperação do homem na infância

sábado, 30 de abril de 2011 Marcadores:



A. C. Harwood.

O intelectual é que se cansa da repetição. Foi a época intelectual que aboliu os rituais formais e pôs no seu lugar o sermão e a oração improvisada. Hoje em dia todos dramas te um enredo novo, todos os romances exibem novos truques de engenhosidade.

Mas algo das épocas antigas continua vivo nas crianças, algo de quando as estações do ano traziam suas festas, canções e peças tradicionais, as mesmas canções e a mesma peça no Natal, em que a história do nascimento na manjedoura é sempre a mesma e, no entanto é sempre nova.

Antes que a infância perdesse suas tradições, sempre havia jogos sazonais, a época das bolas de gude, a época dos piões, a época das argolas ou das pipas. Na época das bolas de gude ninguém se lembrava do pião, nem das argolas no tempo de pipas.

Reflexão - O progresso do peregrino

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John Bunyan.

Agora pude ver no meu sonho que a estrada a ser percorrida por Cristão era protegida de ambos os lados por um muro, e o muro chamava-se salvação. Cristão pôs-se a correr pela estrada, mas não sem grande dificuldade devido ao fardo às suas costas.

Correu assim até chegar a um plano um pouco mais elevado onde se erguia uma cruz. Um pouco mais abaixo havia uma cova aberta. E no meu sonho eu vi que, exatamente quando Cristão se aproximou da cruz, seu fardo desprendeu-se dos ombros, caiu-lhe das costas e começou a rolar para baixo até cair na cova aberta para nunca mais der visto.

Depois disso, Cristão sentiu-se alegre e leve. Com o coração em júbilo exclamou: "Com suas dores ele me deu descanso, e com sua morte me deu vida". Depois ficou imóvel por um tempo examinando e avaliando a cruz; pois para ele foi uma grande surpresa que a vista da cruz por si só o tivesse libertado totalmente do fardo. Então continuou a olhar e observar até que as lágrimas brotaram-lhe dos olhos e lhe caíram pelas faces.

Depois, enquanto ele observava e chorava, três seres brilhantes de repente, apareceram e o saudaram; "Fique em paz", anunciou o primeiro. "Seus pecados estão perdoados!" O segundo despojo-o de seus farrapos e vestiu-o com vestes novas, brilhantes. Em seguida, o terceiro pôs-lhe um sinal sobre a testa e entregou-lhe um pergaminho lacrado com um selo. Orientou Cristão a estudar o pergaminho durante a viagem e aprestá-lo a sua chegada no portão celestial.

Atualidade - Dennis: Negro, enfermeiro, vencedor!

terça-feira, 26 de abril de 2011 Marcadores:



por Luana Diana dos Santos

A semana que passou foi de muita festa por aqui. Dennis, meu irmão mais velho, concluiu a graduação. Se antes tínhamos um técnico de enfermagem na família, agora temos um Enfermeiro. Para minha mãe, Dennis é um Doutor.

Assumo a minha tietagem. Dennis é apaixonado pela profissão que escolheu. Com entusiasmo, fala dos pacientes que pode auxiliar, principalmente dos idosos. Com indignação, expõe a precariedade do serviço de saúde no município em que trabalha. Com pesar, conta as histórias das mulheres agredidas por seus companheiros, dos viciados em crack, dos alcoólatras e dos jovens vítimas de armas de fogo. Nesses casos, a conversa nunca chega ao fim. Sempre o interrompo. Meu espírito não suporta tantas mazelas.

Foram quatro anos e meio para terminar a faculdade de Enfermagem. Dennis estudou a vida inteira em escola pública. Logo que concluiu o ensino médio, optou pelo curso técnico. Por vocação e pela certeza que a remuneração permitiria pagar as mensalidades em uma Universidade particular. A vida acadêmica foi dividida entre os plantões durante a noite, as aulas à tarde e os trabalhos aos finais de semana. Uma verdadeira luta!

Dentre os 50 formandos, Dennis era o único negro. E ainda há quem jure que vivemos numa democracia racial. Como? No Brasil, o número de estudantes negros matriculados no ensino superior não ultrapassa a casa dos 4%. Quando falamos dos cursos ligados à área da saúde, como Medicina, Odontologia e Enfermagem os dados são ainda mais perversos. Os afro-brasileiros correspondem a 0,8 e 1% do corpo discente. Se por um lado a maioria das vagas nas Universidades são ocupadas por brancos, filhos da classe média e oriundos de escolas particulares, no lado oposto está a juventude negra: grande parte é proveniente de famílias pobres, ingressam em cursos considerados “de menor prestígio social”, em horário noturno, e assim como o Dennis, em instituições privadas.

Durante a colação de grau, Dennis chorava copiosamente. Parecia uma criança. O lenço não foi suficiente para conter as lágrimas. Restou esquecer as regras de etiqueta e usar as mãos para secar o rosto. Enquanto isso eu questionava o porquê daquele choro que parecia não ter fim. Será que ele se lembrou dos que disseram que a faculdade não é para preto? Talvez tenha se recordado da professora que, “sem intenção de ofender”, afirmou ter dificuldades de enxergá-lo após uma queda de luz. Pode ser que tenha vindo em mente o amigo que, ao vê-lo vestido de branco, perguntou em tom de deboche se ele era pai de santo. Não. Acho que ele pensou na paciente que não aceitou ser atendida por um negro.

Minhas tentativas de descobrir o motivo de tantas lágrimas foram em vão. Acredito que nunca saberei. “Só quem sente, sabe”. Contudo, essas suposições evidenciam o caráter ardiloso e dissimulado do racismo brasileiro. Ao ascender socialmente, o negro não está imune à discriminação racial. Dessa forma, fica claro que associar o preconceito como resultado das diferenças entre classes sociais não passa de mera falácia. No imaginário popular, homens e mulheres negras tem um lugar pré-estabelecido na sociedade, e quando deixam de ocupar papéis subalternos, são vistos com desconfiança ou como sujeitos “fora do lugar”. Exemplos não faltam. Para ficar somente na esfera pública, relembro o assassinato do jovem boxeador Tairone Silva, morto por um policial militar em Porto Alegre no mês de março. Em Salvador, o vice-prefeito Edvaldo Brito já foi parado quatro vezes em blitz desde que assumiu o cargo. Policiais soteropolitanos precisavam saber o que um negro fazia num carro oficial.

Mas nem tudo está perdido. Desde a segunda metade dos anos 90, com a participação ativa do movimento negro, presenciamos um crescente debate em torno da necessidade de ações afirmativas que propiciem a inclusão e a permanência de afro-descendentes em Universidades, principalmente nas públicas. A aprovação do sistema de cotas em algumas instituições, a implementação da Lei 10.639/03, a criação de órgãos como a SEPPIR e o aumento expressivo de Núcleos de Estudos sobre a população negra nos campos das Ciências Humanas e Sociais fazem parte desse momento histórico. Embora não tenha agradado a todos, a sanção do Estatuto da Igualdade Racial em 2010 também deve ser vista como um sinal de novos tempos.

Na formatura, Dennis era exceção. Como o Ariano Suassuna, sou uma “realista esperançosa”, e por isso creio que um dia finalmente alcançaremos a democratização do acesso ao ensino superior. Caminhamos lentamente para que isso aconteça, bem sei. Importa é que os passos sejam firmes, cheios de esperança e coragem. Dennis é um vencedor, assim como tantos jovens que entenderam que poderiam alçar voos mais altos e romper com processo de invisibilidade e marginalização a que foi impelida a população negra desde que pisou em solo brasileiro. É chegada a hora de enxugar as lágrimas e exigir o que nos é de direito: a igualdade de participação e de escolha.

Parabéns, Dennico!

*Luana Diana dos Santos é Historiadora e Professora da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais.

luanatolentino@yahoo.com.br

Atualidade - Política é coisa de quem fala “errado” também

quarta-feira, 20 de abril de 2011 Marcadores:



Leonardo Sakamoto.

Algumas das pessoas mais sábias que conheci são iletradas. E alguns dos maiores idiotas têm doutorado. Às vezes, mais de um.

Significa que os iletrados são melhores que os doutores? Não. Então, o contrário? Também não.

O nível de escolaridade e a forma através da qual uma pessoa se expressa é irrelevante frente ao conteúdo que pode agregar a uma discussão. Se ela conseguiu fazer com que os outros a entendessem, ótimo, fez-se a comunicação.

(Uma minoria dos leitores deste blog não entendeu isso ainda e desvaloriza a opinião de um outro leitor porque este separou sujeito e predicado com vírgula. Mesquinhos, sabe? Ou que oprime quem não sentou em bancos de escola. Para esses, um pedido: faça um favor para si mesmo e leia Patativa do Assaré.)

Mas o que esperar de uma sociedade em que pipocam pessoas que desconsideram o interlocutor por não saber acertar uma concordância verbal ou conjugar um verbo? (“Meu Deus! Você não sabe flexionar o verbo “funhunhar” no futuro do subjuntivo? É um ogro!”) E na qual o domínio da norma culta (que, convenhamos, é um porre) é alçado à condição de passaporte para a participação nas discussões sobre o destino da pólis.

A lingua é construída pela boca das pessoas no dia-a-dia e não por meia dúzia de iluminados. É dinâmica, em constante mutação e, para sobreviver, não precisa de formalismos – que são exatamente isso, construções, muitas vezes definidas pelo grupo hegemônico. Como dizer que uma pessoa que nasceu e cresceu falando português está errada ?

Dizer que um pescador, um vendedor ambulante, uma baiana do tabuleiro, uma quilombola ou ribeirinha ou um pedreiro “desconhecem a própria língua” não é um ação pedagógica e sim um ato político. Excludente. Que usa uma justificativa supostamente técnica para manter do lado de fora dos debates sobre o futuro da nação a maior parte da sociedade brasileira.

A quem interessa a manutenção desse comportamento? A quem está no poder e, muitas vezes, usa a língua como instrumento de coerção? Certamente bem mais do que a quem não foi chamado para a festinha e acha que política é coisa de gente estudada.

Em tempo: Sobre o assunto, sugiro o livro do professor Marcos Bagno: “Preconceito Linguístico – o que é, como se faz”, das Edições Loyola – que já passou da 50ª edição.

Vídeo - Esse é o Evangelho

sexta-feira, 15 de abril de 2011 Marcadores:


Reflexão - "... sei em quem tenho crido..." (2 Tm 1.12)

quarta-feira, 6 de abril de 2011 Marcadores:



Um velho e experiente marujo disse: "Na tempestade, só há uma coisa a fazer, e uma só: colocar o navio em determinada posição, e conservá-lo nela." Crente é isso que temos que fazer! Temos que estar escorados no Senhor. E venha o que vier onda, ventos, trovões ou rais, vagalhões ou rochedos perigosos, nosso lugar é estar atado ao leme, na certeza de que Deus é fiel, de que Ele assumiu um compromisso conosco em sua aliança, e de que Ele nos tem amor eterno em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Fonte: Mananciais no Deserto.

Vídeo - Vá, pregue e morra!

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Paul Washer


Vídeo - Entrevista com o prof. Jung Mo Sung

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Reflexão - Josefo sobre o Tsunami

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Flávio Josefo, em Antiguidades dos judeus (93-94 d.C.).

Havia nessa época três facções entre os judeus, com opiniões diversas a respeito das ações humanas. O primeiro grupo era o dos fariseus, o segundo o dos saduceus e o terceiro o dos essênios. Os fariseus afirmam que algumas ações, mas não todas, são obra do destino, enquanto outras estão sob nosso poder, estando suscetíveis ao destino mas não sendo causadas por ele. Os essênios afirmam que o destino controla todas as coisas, e que nada sobrevêm ao homem que não seja de acordo com o que foi por ele determinado. Os saduceus rejeitam o destino, afirmando que tal coisa não existe e que as ações humanas não estão sob a alçada dele; sustentam que todas as questões humanas estão sob nosso próprio poder, de modo que somos nós que causamos o que é bom, e recebemos o mal devido à nossa própria insensatez.

[...] Os saduceus só conseguem convencer os ricos, mas os fariseus tem o povo do seu lado.

Vídeo - Entrevista com Ariovaldo Ramos

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