Reflexão - Devoções

sexta-feira, 2 de novembro de 2012 Marcadores:




John Donne.

Nenhum homem é uma ilha, completo por si só. Todo homem é um pedaço do continente, uma parte do todo. Se um torrão é erodido pelo mar, a Europa é diminuída, como se fosse um promontório, ou a propriedade de um amigo seu, ou mesmo a sua. A morte de qualquer ser humano me diminui, por que estou envolvido com a humanidade. Por isso, nunca mande perguntar por quem o sino dobra; é por você.

Tampouco podemos dizer que essa atitude é mendigar miséria, ou tomar miséria emprestada, como se já não fossemos miseráveis o bastante por nós mesmos, mas precisássemos pegar da casa ao lado, tomando para nós a miséria dos vizinhos. Na verdade seria uma cobiça desculpável se assim agíssemos, pois a aflição é um tesouro, e quase ninguém tem dela o suficiente. Não tem aflições suficientes que com elas não cresce e amadurece e assim torna-se digno de Deus. Se um homem carregar um tesouro em lingote, ou em barras de ouro, e não tiver nenhum ouro em moeda corrente, o tesouro não lhe servirá para pagar as despesas durante a viagem.

A tribulação é um tesouro em estado bruto, mas não é moeda corrente no seu uso, a não ser que por meio dela nos aproximemos mais da nossa casa, o céu. É possível que outro homem também esteja enfermo, mortalmente enfermo, e sua aflição pode estar nas suas entranhas como um ouro numa mina, sem ter para ele utilidade alguma; mas esse sino, que anuncia a aflição do outro, extrai esse ouro e o aplica para mim: isso se mediante essa consideração do perigo dele eu contemplar o meu e assim me garante, recorrendo a Deus, nossa única garantia.


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